segunda-feira, 26 de março de 2007

Motivação como diferencial competitivo



Por Observatório Profissional, em 20/03/2007.


A busca por uma vaga no mercado de trabalho tem sido realmente uma maratona, e só consegue uma boa colocação aquele que estiver bastante preparado, uma vez que recentes pesquisas confirmam que há vagas no mercado de trabalho, mas apenas para profissionais qualificados, ou seja, para os que sabem muito de tudo. Aquela idéia de saber de tudo um pouco já está ultrapassada.As empresas exigem de seus candidatos disciplina; iniciativa; criatividade; larga experiência; preferem os que possuem especializações, participaram de projetos, ou seja, que tenham realmente agregado valor ao que fizeram. Por outro lado, esses profissionais precisam ser éticos, comprometidos, simpáticos, persuasivos e tantas outras qualidades que se existissem juntas num só indivíduo não seria realmente humano.
Contudo, a exigência é um jogo em que os dois (profissionais e empregadores) podem mandar e pode não haver perdedores, a regra é permutar: a empresa fornece aquilo que o profissional precisa para dar andamento a projetos pessoais em troca fornece de sua mão-de-obra qualificada, ajudando a organização a produzir mais e consequentemente aumentar seus lucros. Entretanto, muitas organizações ainda perdem potencial humano por não saber aproveitar bem suas qualificações e habilidades, a retenção é desprezada e assim novas seleções e treinamento surgem e com eles mais custos.
O fator humano é o que mais deveria preocupar as empresas, pois depende do desempenho deste o bom aproveitamento dos demais (recursos materiais e financeiros). Selecionar bons profissionais não é mais suficiente para acreditar que sempre terá qualidade no desenvolvimento das atividades. Quem não já não sabe que funcionário desmotivado produz menos, bem menos do que a capacidade que possui? Qualidade no desenvolvimento de tarefas está bem melhor relacionado ao bem estar mental do trabalhador do que o físico. Pense. Quando você está com um filho com febre em casa, produz mais? É criativo? Outra pergunta, mas relacionada a bens: se está com várias dívidas e o que recebe não dará para pagar nem metade delas, você será criativo no trabalho? O bem estar mental é tão ou mais importante do que o bem estar físico. Sem ele é difícil produzir com todo o potencial, e é nisso que as empresas devem focar quando falarem em qualidade de pessoal.
Estas questões estão diretamente relacionadas ao sistema de gestão de pessoas desenvolvido pelo departamento de recursos humanos. Já a liderança é outra pedra fundamental, responsável pelo acompanhamento do indivíduo visando seu desenvolvimento como pessoa e profissional. Não é de supervisão que se precisa é de um trabalho de coaching. Pessoas motivadas, criativas, éticas e comprometidas não precisam de ninguém que as diga se errou e onde errou. Não é assim que deve funcionar. O trabalho de gestão de pessoas deve ser realizado em conjunto com os líderes, alta administração e departamento de recursos humanos. Todos devem se organizar para proporcionar um clima que favoreça o bem estar, proporcione constante aprendizado, interesse em crescimento. Pessoas são mais felizes quando vêem que podem confiar na empresa, que podem participar mais intensamente dos processos, que seu trabalho pode ser criativo. Nenhum ser humano pode se alegrar sentindo-se pedra.
Certamente a motivação não é algo fantástico que se consiga com algumas conversas, muitas vezes é preciso uma ação efetiva: mudanças em processos, cultura, treinamentos. Não existe, contudo, necessidade da empresa focar o cliente interno como meta, mas sim focar o cliente externo através da manipulação do interno. É sabido que ninguém motiva ninguém, isso é um sentimento que se origina do íntimo de cada um, pois o fator que motiva um não motivará certamente o outro da mesma forma. As pessoas são diferentes e devem assim ser tratadas individualmente. Portanto, não há como agradar gregos e troianos, o que se pode fazer é proporcionar um clima favorável ao surgimento de pensamentos positivos em relação à empresa e ao trabalho, para que a motivação apareça e contagie os demais.
As empresas que apresentam problemas de absenteísmo, atestados médicos e demissões voluntárias rotineiras, precisam ficar atentas, pois estes são fortes indícios de que o nível de motivação está muito baixo e é preciso agir com urgência, pois a falta excessiva de funcionários chega a comprometer a produção ou prestação de serviços, a confiabilidade e a qualidade.
Para preparar um plano de ação com a finalidade de promover um clima favorável à motivação, a empresa precisa elaborar uma pesquisa para levantar qual ponto pode mudar para atingir a maior parte de seus funcionários e retê-los de forma satisfatória, para que além de continuarem na empresa, contribuam com fervor para o desenvolvimento organizacional, criando uma consciência de que se a empresa ganhar ele também ganha. A integração entre empregado e empregador deve ser tão grande que o primeiro chega a acreditar que a empresa é ele.
Empresas que conseguem manter um bom nível de motivação certamente conseguem manter clientes satisfeitos e assim, assegurar uma maior inovação e rentabilidade . Essa é a chamada gestão de recursos humanos como diferencial competitivo.