quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Mascarando qualidades e perdendo identidade

Seres humanos fantasiam virtudes, mascarando os vícios que minam a alma.

Muitas pessoas acreditam que possuem virtudes que lhes asseguram o "status" de prestativas, batalhadoras, bondosas, éticas. Sao indivíduos que se doam sem questinar, sem pensar em sí, mas que inconscientemente, desejam o título de "Madre Teresa " do ano. Desejam ser reconhecidos, vender a imagem. É uma forma de alimentar a vaidade, o orgulho. Sao pessoas competitivas que se desdobram em afazeres, geralmente nao aceitam ajuda dos outros com a desculpa de nao querer incomodar.
Infelizmente, muitos só percebem a diferença de entre bondade e vaidade após muitos anos, depois que já perderam tanto tempo buscando o reconhecimento dos outros, vivendo cada dia pela esperança de encontrar alguém que os exalte. Esse tipo de comportamento é mais comum do que se pensa.
Existe muita gente que vive para os outros, buscando no outro o seu objetivo de viver e ser feliz. Querem ser reconhecidos como bons, como ricos, como prósperos e outros adjetivos positivos; e esquecem que cabe a cada um ser feliz consigo mesmo, se reconhecer como um ser de grandes realizações, sem ficar esperando que o mundo o abraçe e faça festa pelas conquistas obtidas.

Ao agir desta forma, o homem pouco a pouco vai perdendo suas referências, sua personalidade. Passa a nao se compreender, nao sabe quem é, o que quer e porquê quer.
Observe que muitos nao sabem definir metas, dizer o que gostam, o que desejam. Nao sabem informar quais suas qualidades e defeitos. Isso ocorre porque vive muito para o que está fora de sí. Se compreende a partir de um contexto, de uma situação, do mundo externo. Com isso cria fantasias, sentimentos, comportamentos, qualidades que muitas vezes nao pertencem a sua personalidade. Sua realidade e criada a partir do que as outras pessoas dizem que é.
Este assunto é um fato que precisa ser cada mais pensado, tanto por profissionais da psicologia/psiquiatria e pelas pessoas comuns.
Num tempo em que se exige cada vez mais personagens perfeitos, as pessoas estao perdendo sua vida, sua personalidade e seu prazer de se identificar NO mundo.

Estamos mascarados no meio da multidão do carnaval global.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

É T I C A




O homem vive em sociedade desde os primórdios da humanidade, seguindo sempre normas, leis que regulam suas relações para que possam conviver em harmonia, dentro de uma certa ordem.
A ordem humana é diferente da ordem animal, porque este último como é desenvolvem comportamentos de adaptação e reação ao meio ambiente. Seu comportamento é natural e transmitido de geração a geração e herdados geneticamente. Já no homem, esta orde, é artificial, é construída e reconstruída para atender a suas necessidades e desejos, muda de tempos em tempos. Esta ordem humana nada mais é do que o conjunto de normas, leis e valores, crenças de uma determinada sociedade em determinada época.

Após determinada a ordem, é o próprio homem quem a julga. Seus comportamentos são julgados, avaliando se está de acordo ou em desacordo com a ordem. As esferas do julgamento humano são de caráter objetivo ou subjetivo. Os julgamentos de caráter objetivo são do campo do Direito, suas regras, normas e punições estão objetivamente determinadas em lei. Já o julgamento de caráter subjetivo corresponde ao campo da Ética, pois é ditado pelo próprio indivíduo através de sua consciência moral, que julga o que é certo e errado, bem e mal, de acordo com os valores pessoais e da sociedade (existe a influência do meio, da cultura social). O campo da ética compreende comportamento humano, juízos de valor e julgamentos sobre esses comportamentos. Neste julgamento não há, necessariamente, punições previstas em lei.

Entende-se por comportamento ético aquele em que o indivíduo age de acordo com os padrões sociais estabelecidos, nem sempre normatizados, procurando sempre o bem comum. Mas só poderá existir comportamento ético se existir alguém para agir e alguém para julgar, portanto a ética só pode ser compreendida dentro de um contexto social, numa construção conjunta, ou seja, só existe em grupo, na relação com outros homens. A ética está sempre voltada para a vida pública, para o interesse coletivo, embora seja orientada pela razão individual.

A ética parece ser um estudo novo e propício ao tempo atual, mas na verdade já vem sido estudada desde o século VI a.C. Isso demonstra a constante necessidade do homem em viver harmoniosamente em sociedade, distinguindo o que é o bem e o certo, respeitando o próximo e sua liberdade. Pois sua finalidade é equilibrar o caráter do indivíduo e os valores coletivos virtuosos. Contudo, a preocupação com a ética possui fundamentos, pois existe o constante desejo do homem por justiça, honestidade, respeito, decência. Certamente seria difícil viver numa sociedade sem esses valores, não haveria confiança entre os membros.

A conduta antiética não é um comportamento difícil de observar, em qualquer esfera social sempre existe alguém para dar o mau exemplo. Não é uma questão de fatalismo. Ser ético não é tão simples como parece. Existe uma série de fatores que nos conduzem aos comportamentos antiéticos. Diante das necessidades e impunidade, o homem torna-se corrupto. Vale salientar que as entidades que eram responsáveis pela educação moral (família, escola, igreja) estão enfraquecidas, desprezadas. A mídia sempre aborda temas que retratam comportamentos antiéticos com naturalidade, sem discriminação, sem combatê-los. Como homem também é produto do meio, absorve essas impressões como algo normal. Parece existir aqui uma determinada contradição, desejar ser tratado com justiça e honestidade ao mesmo tempo em que favorece a desonestidade.

Entretanto, o comportamento ético pode ser desenvolvido através de uma educação moral continuada. As ações educativas podem vir das instituições públicas, privadas, religiosas e familiares. O exercício da cidadania deve desenvolver uma reflexão ética e um raciocínio crítico. Nas empresas já são adotados códigos de conduta que visam melhorar o comportamento dos funcionários, evitar multas, processos judiciais, promover qualidade de vida e qualidade na prestação de serviços. Além disso, a maioria das profissões possui código de ética, que regulam e normatizam o exercício da profissão, auxiliando o profissional a desenvolver de forma adequada a sua função e evitando prejuízos pessoais e organizacionais.

Uma vez que o homem é objeto da ética, este é um fator de grande importância para as organizações, afinal o fator humano é maior responsável pelo desenvolvimento empresarial. Conviver em sociedade corporativa exige de dirigentes e funcionários um comportamento honesto capaz de criar um clima de confiança mútua para que as pessoas compartilhem e sigam as idéias. Contudo, sabemos que muitas vezes o comportamento ético não é priorizado nas empresas, algumas não premiam a ética e sim os resultados, não importando de que forma foram alcançados. Esse tipo de procedimento leva aos demais membros desta organização a imitarem este comportamento. Mesmo algumas que possuem códigos de conduta adotam comportamento antiético, enfraquecendo a credibilidade e manchando a imagem organizacional.

Entretanto, a empresa que possui preocupação com a ética deve ficar atenta para o comportamento de seus funcionários e desenvolver programas que visem promover o comportamento ético. É preciso que a empresa e seus dirigentes dêem o exemplo, que se estabeleça relações de confiabilidade e isso deve ser percebido pelo coletivo. As empresas também precisam ser específicas quanto aos seus objetivos, missão e visão, assim como suas expectativas e padrões éticos; uma vez que os indivíduos possuem códigos de ética pessoais diferenciados. Mesmo existindo um código de ética, a empresa precisa assegurar que os funcionários absorvam seus princípios e valores. Estes últimos devem ser compartilhados e claramente compreendidos por todos; os líderes devem estar comprometidos com valores e desejar seguí-los; e estes devem ser considerados nas tomadas de decisões, refletidos nas atividades, na comunicação, nas negociações, nas avaliações de desempenho, etc. Esse procedimento fará com que a comunidade organizacional viva e incorpore esses princípios, chegando a transformá-los em normas. Aos que cometerem infrações, penalidades devem ser aplicadas, mas respeitando a integridade moral e física do indivíduo.

Na tomada de decisão, a ética se faz ainda mais importante e necessária, pois uma tomada de decisão desta natureza diminui, com efeito, a margem de erro e consequentemente problemas de qualquer ordem para a empresa. Para uma tomada de decisão ética algumas diretrizes devem ser consideradas: definir a questão ética claramente, saber seu contexto e quais os públicos envolvidos; identificar os valores importantes na situação, saber quais podem ser as conseqüências das escolhas; analisar as alternativas conflitantes e escolher uma opção que as equilibre; implementar a decisão.

Finalmente, vale destacar que, muito mais do que o estudo da conduta humana, a ética é um instrumento de reflexão sobre o comportamento e cidadania. Auxilia a organização a se desenvolver melhor e aprender a servir aos seus propósitos em sintonia com os interesses coletivos. Uma empresa cujos dirigentes valorizam a ética é altamente benéfica aos profissionais de gestão de pessoas, pois tendem a ter funcionários mais motivados, produtivos e seguros.